quinta-feira, 28 de maio de 2009

PEIXE À ÁGUA






Ele tinha onze anos e, cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.


A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.


O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água.


Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada.


O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Eram dez da noite, faltavam apenas duas horas para a abertura da temporada.


Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:


- Você tem que devolvê-lo, filho.


- Mas, papai! Reclamou o menino.


- Vai aparecer outro! Insistiu o pai.


- Não tão grande quanto este! Choramingou a criança.



O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. E, naquele momento, o menino teve certeza de que jamais veria um peixe tão grande quanto aquele.


Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais.


Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe repetidamente todas as vezes que depara com uma questão ética.


Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo e errado.


Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos vendo.


Essa conduta íntegra e honesta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o PEIXE À ÁGUA.

(Uma Pescaria Inesquecível) de James P. Lenfestey, do livro “Histórias para Aquecer o Coração dos Pais”, Editora Sextante

Um comentário:

A Torre Mágica | Pedro Antônio de Oliveira disse...

Ei, "gaTÍSSIMA"! :)

É um prazer ter a sua amizade e receber as suas visitas! Você também nos reserva coisas lindas em seu blog!

Obrigado por esse carinho que demonstra por meio de posts tão sensíveis e de bom gosto!

Um beijãooooooooo!

Pedro Antônio